domingo, 27 de abril de 2014

Espelho, espelho meu...





Em um dia cansativo, corrido e chuvoso eis que sou julgada, pelo cabelo desgrenhado, pela calça folgada (não só pelo peso que perdi, mas por ceder além do necessário), por estar toda molhada do banho de chuva acidental que tinha tomado a pouco e percebi o quão maldoso um comentário e uma forma de olhar podem ser.
Na hora fingi não me importar, mas isso ficou na minha cabeça. Como que alguém, por mais vaidosa e arrumada que seja se sente no direito de julgar a aparência de alguém?! Não tive resposta para um "você não se olhou no espelho antes de sair de casa?", por ter me olhado sim e principalmente por ter me olhado com a generosidade que eu mereci naquele momento, ter visto um pouco mais além da calça um pouco folgada, do cabelo amarrado em rabo de cavalo e da sapatilha confortável. Ter visto meu cansaço e meu esforço de uma semana tão corrida.
Percebo que hoje todos se sentem no direito de julgar, de olhar para o outro e ver a roupa que não é do seu gosto, que está gordo demais, magro demais, arrumado ou confortável demais. Sinto muito, mas eu me recuso a isso! Não deixo de dormir 15 minutos a mais para secar o cabelo, não forço meus joelhos (que nunca foram lá uma Brastemp) a usar um salto quando mal me aguento em pé e não vou parecer o que não sou para ficar igual aqueles que não admiro! 
Sou mais do que as roupas que visto. Sou os livros que leio, as músicas que ouço, as ideias que tenho, as experiências que vivi. Sou um pouco de cada um que convive comigo, as amigas que tenho e até as que perdi. Não me importo com roupas de marca, nunca nem reparei nisso! Amo maquiagem e compro principalmente para usar em outras pessoas. E assim vivo mudando o que gosto e o que não gosto, aprendendo com coisas e pessoas, colocando a cabeça para funcionar e florescendo cada vez que cresço um pouco mais.
 Fiquei sentida sim por ter sido julgada mas me sentiria muito pior se eu o fizesse!


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